Cacilhas voltou ao tempo dos passeios de burro
passeios e corridas de burros , jogos, danças e cantares tradicionais fizeram ontem, domingo, centenas de pessoas reviver o passado em Cacilhas, Almada. A Rua Cândido dos Reis foi palco da recriação dos costumes tradicionais do século XIX.
Reza a história que os lisboetas iam passear a Cacilhas ao domingo, dia em que o comércio estava aberto. O almoço era quase sempre marisco ou peixe nas tascas e restaurantes da zona, seguido de um passeio de burro pelas redondezas. O divertimento, que se manteve até às primeiras três décadas do século XX, terá sido impulsionado pelo rei D. Fernando. Cacilhas foi assim apelidada de "Terra dos Burros".
E são precisamente os passeios de burro que mais pessoas chamam às Tasquinhas e Burricadas, que há cinco anos são organizadas pelo Agrupamento de Escuteiros 510 de Cacilhas, para avivar memórias e dar a conhecer aos mais pequenos como se vivia há mais de cem anos.
"Todos os anos eles (os filhos) querem vir andar de burro. É muito engraçado para as crianças. É uma iniciativa típica", salienta Sónia Francisco, enquanto a filha mais nova, de 4 anos, insiste para ir à zona dos jogos populares.
"São tradições que não se podem perder. Era assim que isto era antigamente. Faz-me recordar o tempo em que ainda era solteiro", diz José Augusto, de 68 anos, recordando o tempo em que Cacilhas tinha burros e aguadeiros.
Artesãos a trabalhar ao vivo, doces regionais, pessoas trajadas a rigor, música da época, fantoches (Robertos santa barbara) e Carretos de Podence animaram aquela rua durante todo o dia. O ponto alto da festa é, contudo, a corrida de burros, que contou com a participação de seis jumentos. Uns mais preguiçosos que outros os jericos foram sendo empurrados e incentivados para baixo e para cima, até ser encontrado um vencedor.
Foi Daniel Fanico, de 12 anos, quem montou o burro mais rápido. "Vim este ano pela primeira vez, mas para o próximo também venho de certeza", disse ao JN, referindo que o mais difícil é manter-se em cima do animal. "No princípio da corrida disse que lhe dava dez cenouras. Foi obediente", reconhece o jovem conhecedor das tradições desde que ingressou nos escuteiros em 2003.
"As pessoas já contam com isto no seu calendário. A corrida dos burros e os passeios fazem as delícias de toda a gente. É uma forma de fazermos o nosso papel de dinamizadores das tradições de Cacilhas e dar vida a esta zona", explicou, ao JN, Rui Ferraz, chefe dos escuteiros
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