sábado, 26 de abril de 2025

Capítulo 2: A Magia Continua em Avinho ✨

Quadro 1:
(Uma aldeia cheia de vida, com ruas decoradas e muita gente sorridente.)
Legenda: "Depois daquela tarde mágica na escola, a turma ouviu falar de um espetáculo especial em Avinho..."


Quadro 2:
(O grupo chega a Avinho, vendo uma multidão reunida em volta de um palco improvisado.)
Balão de fala: "Olhem! É o Vítor Costa e os seus Robertos!"


Quadro 3:
(Dois Robertos no palco, a fazerem uma cena divertida, enquanto o público se ri.)
Balões dos bonecos:
— Roberto 1: "Não me empurres, ó caramelo!"
— Roberto 2: "Tu é que vieste contra mim!"


Quadro 4:
(Crianças e adultos a rirem-se, alguns sentados no chão, outros de pé a bater palmas.)
Legenda: "A magia dos Robertos encheu Avinho de alegria e gargalhadas."


Quadro 5:
(Os alunos da escola a tirar selfies e fotos com os bonecos depois do espetáculo.)
Balão de fala: "Este dia vai ficar para sempre no nosso coração!"


Quadro 6:
(Pôr-do-sol em Avinho, com a rua ainda cheia de vida.)

Legenda final: "Porque onde há bonecos, há magia. E onde há magia... há felicidade!










 

"O Dia em que a Magia dos Robertos Ganhou Vida"









"O Dia em que a Magia dos Robertos Ganhou Vida"

Era uma vez, numa sala cheia de criatividade na Escola Bento Jesus Caraças, um grupo de jovens artistas reunidos em torno de uma mesa mágica. Não era uma mesa qualquer — diziam que quem trabalhasse nela, conseguia dar vida às suas criações.

Nessa tarde, enquanto o grupo conversava, ria e criava bonecos com tecidos coloridos, algo extraordinário aconteceu: um dos Robertos — um boneco pequenino de chapéu vermelho — piscou o olho!

"Viram aquilo?!" exclamou a Sofia, a mais atenta do grupo.
"O Roberto mexeu-se!", gritou o João, largando a linha de costura.

Num instante, todos os bonecos começaram a dançar em cima da mesa, como se tivessem vida própria. Um boneco de vestido azul começou a fazer piruetas, enquanto outro, com uma capa preta, ensaiava passos de breakdance.

"Somos os Robertos de Santa Bárbara! E hoje, viemos brincar convosco!" disseram eles numa voz alegre.

Entre gargalhadas, danças e histórias, os alunos viveram a tarde mais mágica de sempre. A sala transformou-se num verdadeiro teatro encantado, com música, luzes brilhantes que saíam das janelas e sorrisos que iluminavam todo o espaço.

Quando o sol começou a pôr-se, os Robertos deram um saltinho no ar e, plim!, voltaram a ficar imóveis, como se nada tivesse acontecido.

Mas todos sabiam... que ali, naquele cantinho especial da escola, a magia ainda morava.
E que, um dia, poderia voltar a acontecer.

Fim

 

sexta-feira, 25 de abril de 2025

Parte 5 – Fumo, correria e um Natal sem bonecos

Parte 5 – Fumo, correria e um Natal sem bonecos
O tempo rola e não para. Um dia estávamos numa feira, acho que era a Feira de Santiago, em Setúbal. Eu estava lá a fazer os Robertos com o meu irmão Tozé. Tínhamos montado a gurita dos robertos prontos, e a criançada a rir-se à brava. De repente, um alvoroço. Gritos por todo o lado. Muita gente a correr. Eu no meio daquilo tudo, com o braço no boneco e a tentar perceber o que se passava. Afinal, uma barraca de farturas ali perto tinha pegado fogo. As pessoas desataram a fugir em pânico. Por pouco não ficava debaixo daquela multidão. Só vi pernas a passar por cima do palco, bonecos a voar... foi por um triz.

Outro dia, já em Lisboa, perto do Natal, estava eu na Rua Augusta com os meus Robertos. O meu irmão Eduardo andava ali a fazer a quete — a pedir as moedinhas ao pessoal, que é assim que se fazia. Estava frio, mas o coração aquecia com cada gargalhada dos miúdos. E de repente... lá vem o senhor polícia. Nem “bom dia”, nem “desculpe lá”. Levou-me os Robertos. Aquilo doeu mais que uma palmada. Fiquei ali, parado, com as mãos vazias e o Natal à porta. Mas não desisti. Fiz outros. Enquanto tiver dedos e voz, os Robertos vão sempre voltar. 

Parte 4 – De terra em terra, com os Robertos às costas


 Parte 4 – De terra em terra, com os Robertos às costas

Depois daquele início cheio de sonhos e esperança, a vida levou-me de terra em terra, feira em feira, praia em praia, sempre com os meus Robertos às costas. Era uma vida de estrada, poeira, sorrisos e improvisos. Muitas vezes, montava a gurita em qualquer canto: areia quente de uma praia, calçada de uma vila, ou mesmo entre barracas de feira. A magia era sempre a mesma – os olhos das crianças brilhando, os adultos a recordar a infância.
Lembro-me bem de uma noite numa feira. Tinha terminado mais um espetáculo, e a chuva caía desalmadamente. Eu ia dormir ali mesmo, debaixo da minha gurita. A água escorria por todos os lados, e estávamos todos encharcados – eu, a roupa, os bonecos. Os Robertos ficaram tão molhados que as cabeças inchadas não deixavam nem a minha mão entrar nos buracos. Foi preciso refazer tudo: secar, lixar, pintar, e até abrir de novo os buracos das cabeças. Uma trabalheira danada, mas era o preço da paixão.
Outra vez, estava com o meu irmão Eduardo – que Deus o tenha – numa feira. Estava a meio de uma apresentação, naquela parte que costuma ser mais parada, sem grande graça. De repente, ouvi-se uma gargalhada imensa lá fora. Um riso daqueles que contagia. Fui espreitar o que se passava, e lá estavam dois bêbados à porrada. Um espectáculo à parte, de tal forma trapalhão e cômico, que era melhor que muito filme. Eles tropeçavam, abraçavam-se e empurravam-se como se fossem personagens de uma farsa. Às vezes, nem os bonecos conseguem competir com a vida real.

Fantocheiro – Parte 3

 


Fantocheiro – Parte 3

de Vítor Costa
Os anos foram passando e a vida foi moldando-me como a madeira dos meus fantoches. Com a gurita às costas e os Robertos na alma, continuei a bater feiras, de terra em terra, de rosto em rosto. A cada gargalhada de uma criança, a cada aplauso de um adulto, sentia que estava onde devia estar. Mesmo quando o bolso estava vazio, o coração ia cheio.
Mas nem sempre foi fácil. As noites eram longas e por vezes frias, e o corpo começava a acusar o cansaço das obras, das praias, das feiras e das saudades. Principalmente das saudades. A ausência das minhas filhas deixava um buraco que nem os melhores espetáculos conseguiam tapar. Ver a Nicole e a Carolina irem para o Canadá foi como ver partir um pedaço de mim. E por mais que tentasse entender que a vida tem o seu caminho, aquilo doía.
Depois veio a Margarida, uma luz nova no meio da escuridão. Os filhos são assim, fazem-nos reaprender a viver. Mas com mais filhos, mais responsabilidades. E com a vida cada vez mais apertada, não havia tempo para me perder nos "ses". Tinha que continuar. A levantar cedo, a carregar a minha gurita, a montar os palcos improvisados e a dar vida aos bonecos que há tantos anos me acompanham.
Os Robertos tornaram-se mais do que marionetas — eram testemunhas da minha caminhada. E no meio da dureza da vida, nunca deixaram de me lembrar quem eu sou: um fantocheiro. Um homem que transforma pedaços de madeira em sonhos.
E mesmo quando o mundo parecia não querer saber, eu estava lá. Com um sorriso, uma história e um boneco na mão.

A Minha História de Fantocheiro – Parte 2

 A Minha História de Fantocheiro – Parte 2

Por Vítor Costa
Depois da feira de Setúbal, continuei a minha caminhada pelas feiras e pelas praias, levando os Robertos às gentes das aldeias, vilas e cidades. Às vezes acompanhado por um dos meus irmãos, outras por primos ou amigos. Eu fazia os Robertos — dava-lhes vida, alma e voz — e eles iam pelas pessoas, pedindo as moedinhas que ajudavam a manter o espetáculo vivo.
O tempo foi passando e, como é natural, a vida levou-me por outros caminhos. Saí de casa, e foi na casa da Dona Júlia — uma amiga de coração grande — que encontrei abrigo. Com muito carinho, ela abriu-me a porta e deu-me um canto onde pude descansar e sentir-me acolhido.
Mais tarde, fui viver com os meus tios. Lá tive momentos muito bons. A minha tia Fernanda e o meu tio Joaquim trataram-me com amor, como se fosse um filho. Foi um tempo precioso que guardo com carinho no coração.
Mas a vida não é feita só de alegrias. Em 1990, o meu pai faleceu. A dor foi grande, e foi nesse momento que senti, lá dentro de mim, que não podia deixar morrer os Robertos. Aquilo era mais do que bonecos de pau — era a minha ligação com o passado, com o meu pai, com a tradição.
Numa dessas feiras, em Vila Franca de Xira, estava eu a fazer os Robertos, e cheguei à parte do boi — aquela cena clássica, cheia de energia e confusão divertida. De repente, engoli a palheta! Para quem não sabe, a palheta são duas chapinhas de metal que se colocam na boca para fazer aquela voz característica dos Robertos. Pois eu engoli aquilo, em pleno espetáculo!
Foi um susto tremendo. A plateia nem percebeu, mas por dentro eu estava em pânico. Mesmo assim, continuei o espetáculo até ao fim. Porque o show tem de continuar. Porque os Robertos não podiam morrer comigo.
E foi aí que percebi, de uma vez por todas, que o fantocheiro não é só quem mexe os bonecos. É quem dá a vida a uma tradição. E eu, Vítor Costa, sou esse homem.

a minha historia parte 1

 A Vida nas Mãos dos Fantoches" — A história de Vítor Costa, o Fantocheiro da Vila da Parede

Eu sou Vítor Costa, filho de João Santa Bárbara. Nasci e cresci na vila da Parede, onde a vida era simples, dura, mas cheia de alma. Naquele tempo, a infância era feita de correrias pelas ruas, de brincadeiras improvisadas, e de idas à escola… poucas, é verdade, porque a vida não deixava muito espaço para os cadernos.
O meu pai, homem de mãos calejadas e coração inteiro, trabalhava como varredor na Câmara Municipal de Cascais. A minha mãe cuidava de nós com o que podia e o que não podia, mas muitas vezes era o meu irmão que fazia de pai e de mãe, assumindo responsabilidades grandes demais para os ombros de uma criança.
Não havia muito para comer — nem pão, nem conforto — mas havia família. Havia dignidade. Havia aquele espírito de sobrevivência que só quem já passou fome entende. Aos fins de semana, o meu pai transformava-se. De varredor passava a artista. Levava-nos com ele, eu e os meus irmãos, com os seus "Robertos" — os fantoches tradicionais portugueses — para as feiras, para as praias, para as festas populares. Era ali que ele dava vida às vozes escondidas nas mãos, fazia rir os pequenos e encantar os grandes.
À noite, a barra dos "Robertos" virava abrigo. A gurita — aquele pequeno palco de madeira — era também o nosso quarto, o nosso teto debaixo das estrelas. Dormíamos ali, eu e os meus irmãos, embalados pelos ecos das palmas do dia.
Foi num desses dias mágicos, em 1983 ou 84, na feira de Setúbal, que a minha vida mudou. O meu pai tinha ido à taberna, como fazia às vezes, e a barriga já pedia comida. Olhei para o meu irmão, o Tó Zé, e disse:
— “Vamos fazer um espetáculo. Temos que comer.”
Montámos os bonecos, improvisámos falas, e puxámos pelo que tínhamos aprendido com o nosso pai, com a vida. Nesse dia, nasceu o fantocheiro que sou até hoje. Nunca mais parei.
A vida ensinou-me que com duas mãos e uma história, é possível arrancar sorrisos até nos tempos mais difíceis. Os "Robertos" deram-me um caminho. E eu segui-o, com orgulho, com luta, e com amor por essa arte antiga que atravessa gerações.

jornal piaui brasil

 Jornal do Piauí – Edição Especial | 2019

Cultura & Tradição | Página 7
Vítor Costa leva a Moita do Ribatejo ao coração do Brasil
Representante português encanta no Festival de Bonecos do Piauí
Teresina, PI – Direto de Moita do Ribatejo, Portugal, Vítor Costa desembarca no Piauí para participar do aclamado Festival de Bonecos, trazendo consigo o talento e o carisma lusitano. A apresentação, marcada por personagens típicos e muito humor, encantou o público presente em um programa local, onde Costa falou sobre a tradição da arte de manipular bonecos e sua paixão por levar a cultura portuguesa além-mar.
O estúdio ficou repleto de cores, sotaques e expressões culturais. A bandeira portuguesa cobria a mesa central enquanto os bonecos – cada um com uma personalidade distinta – protagonizavam uma conversa animada com os apresentadores brasileiros.
“É um orgulho enorme representar a Moita do Ribatejo aqui no Brasil. A cultura nos une e nos aproxima”, declarou Vítor Costa durante a entrevista.
O evento reforça os laços culturais entre Brasil e Portugal, celebrando a tradição do teatro de bonecos como uma ponte entre povos.